Em seu primeiro emprego ela era bailarina de enfeite. Ficava na mesa do chefe e dançava quando ele ligava a caixinha de música. Ele sonhava com ela. Ele não sabia que ela era só do Morte. Ele não sabia que ela teria o Morte como revés, como companheiro, como indissolúvel, como alma gêmea, por toda a eternidade. Ele não sabia que amar era esse se completar onde um só é possível sendo dois.
Ela gostava de cozinhar mas nunca sabia direito a porção de água pra cada naco de arroz, ou o inverso, ou o desverso. Recitava versos sobre as panelas, como se as rimas fossem de feitiçaria. O marido não dizia nada, fingia que acreditava. No fundo compreendia a essência de ser marido.
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Um comentário:
É, na cozinha dela tudo era de mentira.
Já fui enfeite de piano, mas bailarina de mesa, nunca.
beijos
saudades
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