31.10.12

Do astronauta

- A vida é tanta, cerca de trinta;
Mais um pouco, e chegaria extinta.

20.9.12

Futuro?

Ninguém mais liga para
bomba atômica
teletransporte
foguetes para a lua.

O futuro não veio,
não chegou.

Ninguém mais se importa com
reforma agrária
controle populacional
fim da inflação.

O futuro ficou
nos livros velhos,
nas revistas amareladas,
nos almanaques do passado.

Ninguém mais se preocupa
com androides
nem robôs
nem comigo.

O futuro não veio,
não chegou.
Ou pior:
chegou
viu
riu
arrependeu-se
e voltou embora para nunca mais.

8.8.12

poeminha do instante


De repente a moça não estava aqui
Não estava mais
Porque estava onde o chique,
o hit,
o hype era ser
Pseudo-entediada.

De repente a moça não era ali
Não era mais
Porque era o que jamais se imaginara,
o improvável,
o absoluto estar
Pseudo-entediada.

De repente a moça não sabia o quê
Não sabia mais
Porque saber já não tinha o porquê,
o desdém,
o desejo de ficar
Pseudo-entediada.

10.7.12

Oração


Não há segredo. Nem tudo o que agrada, agride. Nem tudo o que degrada, estraga.
O que secreta, entretanto, atiça, maltrata de bem, solapa o que deseja, seja, beija.
Amém.

2.5.12

Aqui, lá, aquilo lá

Odeio aqui. Quero lá. Sobre abraços, sobrados, cadernos e arames: - Quero-quero. Odeio aqui. Quero lá. Outro mundo, outras cabeças, outros planos para o dia de ontem. Porque o amanhã, meus caros, já era.

7.2.12

spot

já não sei mais qual é a linha
se emaranhada
ou se arrebem
tou

se tem pipa na ponta
ou se limpa os dentes
por entre os vãos dos
dem
tes

se é linha fina ou adunca
se é corda bamba ou
frouxa
nunca