31.3.09

em construção, o poeta sorri.

No radinho de pilha



“E tropeçou no céu como se fosse um bêbado”

30.3.09

Para começar a semana

"Um escritor é o homem que ensinou sua mente a se comportar mal."

Na baixa madrugada

na baixa madrugada
os sonhos atrasam
porque apreendem
os tropeços prosaicos.

na baixa madrugada
cada estrela que se abre
transmite o tremor
da sólida morte cruel.

na baixa madrugada
todo mundo é solitário.

29.3.09

Domingo, foto

Meu livro é uma vida aberta #6, 2003
Clique de Edison Veiga (1984- )

27.3.09

Seção da sessão



E vem aí a Brawn GP.

Reforma ortográfica

Estranho escrever joia sem acento.
É como se não brilhasse mais.

26.3.09

Instante da estante

SCHÜLER, Donaldo. Finnício riovém. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.

VINTE E SEIS DE MARÇO

É como o prazer de receber um tratamento de realeza.
Congele o natural do verão.
É duca!
Aqui tem.
Não dá pra resistir.

VINTE E CINCO DE MARÇO

Entre placas, pedras e pratos quebrados, os estragos são cruéis na metrópole grande. Revoltas compram dinheiro -- aqui chamado de grana.
São medos que se acumulam a cada fuga para lugar algum. Estar em casa e querer ir embora pra nunca mais voltar.
Arrepios.
Insegurança.
Tédio ao cubo.
Hoje encontrei uma história escondida numa bituca de cigarro. Desprezível. Desprezada na suja sarjeta única, ainda que comum.

VINTE E QUATRO DE MARÇO

Números servem para mentir.

VINTE E TRÊS DE MARÇO

Com quantos poemas se faz uma vida nova? Pergunto pela essência, mas nada encontro que não seja repetição, ecos e sobressaltos enviesados.
Um dia, conheci um homem que guardava seus segredos na geladeira -- "assim demoram mais para se estragarem" -- e ninguém nunca desconfiou.
No outro, foi a vez de um sujeito fissurado em cálculo integral puxar conversa, num sebo triste e quase vazio da Barra Funda. Era uma mistura de sebo com brechó, aliás.
Tudo poderia virar poema. Mas enquanto não souber com quantos se faz uma vida nova, nenhum vale a pena.

VINTE E DOIS DE MARÇO

Sou um homem supérfluo. Porque não virei agricultor para alimentar a humanidade nem pedreiro para abrigá-la, muito menos médico para curá-la.
Acredito que um homem supérfluo não tenha muita salvação.

VINTE E UM DE MARÇO

Duas coisas eu queria esta noite: tempo e compreensão.
Tempo para escrever versos mais bonitos.
Compreensão para amar de um jeito mais bonito.
Mas não os tenho. Então olho o desassossego dessa janela que me persegue com sua vista fabulosa e tento encontrá-los no horizonte multicolorido da noturna metrópole.
Diuturnamente pago o preço por viver na melhor cidade de América do Sul.

VINTE DE MARÇO

O branco: outro cigarro.
O preto: apague a luz.
O azul: olha só esse céu.
O amarelo: vontade de comer banana.
O vermelho: morreu ao atravessar a rua.
O laranja: coloque o lixo pra fora.
O roxo: é quaresma.
O verde: viva o Palmeiras.

Garatuja

DEZENOVE DE MARÇO

Um alívio não se vive nem se coleciona. Participa-se, como se fosse uma missa. O grande problema é que hoje esquecemos todas as orações.
Pior que padecer na dor é perecer mudo.
Pior que perecer mudo é parecer errado.

25.3.09

Um quadro às quartas

Sem título, 1999
Obra de Milena Zülzke Galli (1977- )

24.3.09

compro sorrisos.

A quem interessar possa

Diário poético continua. Mas, como desde o primeiro dia, antes no papel. Quando passar a preguiça, desovo tudo aqui.

No radinho de pilha



"Work it harder, make it better, do it faster, makes us stronger
More than ever hour after our work is never over"

23.3.09

Para começar a semana

"Eu não escrevo com a cabeça. Sou um escritor de corpo inteiro."

Luiz Ruffato (1961- )
preciso me policiar para não inventar tantas belezas
onde elas não estão
onde elas não são.

do contrário,
sou um tolo
de cabeça
para baixo.

preciso me policiar para não inventar tantas belezas
onde elas não estão
onde elas não são.

22.3.09

desconstrução

outro outono
outo-no
ou tono
or tune

or to me
outo-me
ou tome
outro outono

Domingo, foto

Meu livro é uma vida aberta #5, 2003
Clique de Edison Veiga (1984- )

20.3.09

Coisas que caem do céu #2

  • Aviões sem asa;
  • Fezes de seres voadores;
  • OVNIs sem combustível;
  • Canivetes abertos;
  • Pianos.

Seção da sessão



Acerca de filosofias que acontecem dentro das cabeças solitárias.

19.3.09

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

A experiência de mergulhar em um poema, mergulhar fundo, perder a vontade e a necessidade de respirar tamanha a beleza e o prazer da poesia, que chamamos outrora de primeiridade, também é tratada por Paz: “Os muito poucos que lêem poemas se internam em realidades incomensuráveis e, nesses espelhos de palavras, descobrem sua própria infinitude. A leitura de um poema liga o leitor a uma zona transpessoal e, no sentido íntegro da palavra, imensa. Esse contato é quase sempre breve” (PAZ, 1993:78).

Coisas que caem do céu

  • Estrelas;
  • Sonhos;
  • Chuva;
  • Tombos;
  • Ilusões.

Instante da estante

PRATA, Mario. Mas será o Benedito?. São Paulo: Globo, 1996.

18.3.09

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

“Pela voz do poeta fala – advirto: fala, não escreve – a outra voz. É a voz do poeta trágico e a do bufão, da solitária melancolia e da festa, é a risada e o suspiro, a voz do abraço dos amantes e a de Hamlet diante do crânio, a voz do silêncio e a do tumulto, louca sabedoria e sensata loucura, sussurro de confidência na alcova e cheiro de multidão na praça. Ouvir essa voz é ouvir o próprio tempo, o tempo que passa e que apesar disso, volta transformando em umas quantas sílabas cristalinas”. (PAZ, 1993:73)

Sonho

Sonhei com você esta noite. Eu havia escrito um romance e você me chamou até sua mesa para comentá-lo. Tinha nas mãos um exemplar do livro, publicado. Abriu e me mostrou todas as páginas com riscos vermelhos. Então me disse:

- Tirei todos os adjetivos infantis que você usou.

Acordei assustado.

Um quadro às quartas

Sem título, 1998
Obra de Milena Zülzke Galli (1977- )

DEZOITO DE MARÇO

Março é um mês vazio.

DEZESSETE DE MARÇO

Março é um mês macio.

DEZESSEIS DE MARÇO

Tem dias, como hoje, em que me dedico a construir enormes vazios. Nunca ficam prontos. Nunca ficam cheios.
Às vezes falta um pedaço de tarde, noutras é a noite que não cai bem.
Os piores são os dias em que a manhã, cheia de manha, já nasce estranha, cabisbaixa, como se tomada por um pensamento adunco de que não é primavera. Não, não é primavera.

17.3.09

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

No meio de outro caminho, o caminho da Segunda Guerra, enquanto o bambinável mundo dos bambas se matava em bombas, em Zurique o dadaísta Hugo Ball redescobriu o falar em línguas dos cristãos primitivos, dos agnósticos e de outras religiões. Enquanto isso, cubofuturistas de Moscou e Petrogrado exploravam a glossolalia, chamando-a linguagem transracional. Afinal, a tradução da linguagem em meros ritmos emissores de sentido difuso é resgate ou quebra da tradição? A poesia é filha da linguagem racional humana, apesar de a negar!

QUINZE DE MARÇO

Preciso me lembrar da história do semimendigo que flagrei no sebo mequetrefe da Barra Funda assoviando baixinho e procurando aprender cálculo integral nalgum livro velho.

CATORZE DE MARÇO

Quero ir embora, mesmo após descobrir que estou em minha casa.

TREZE DE MARÇO

Cai um pedaço da noite e do telhado. Na cabeça de quem, não sei.

DOZE DE MARÇO

Quanto andares tem o elevador? Quantos dos andares têm elevador?
Para quem odeia os ires, os vires, os desencontros de anteontem e os segredos, um lago será sempre um lago ou um copo d'água sozinho sobedescendo no elevador.

No radinho de pilha



"Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira chão"

16.3.09

Para começar a semana

"A leitura traz ao homem plenitude, o discurso, segurança e a escrita, exatidão."

Francis Bacon (1561-1626)

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

E foi assim que, no meio do caminho desta história maluca, o dramatísme surgiu em Paris, 1911, depois chamado de simultaneísme. Sob a influência excêntrica dos futuristas, poetas reuniam-se para dizer ao mesmo tempo as diferentes partes de um poema. “A solução futurista foi mais brutal: deram ‘concertos’ nos quais a voz humana reduzida a seus elementos sonoros, da interjeição ao suspiro, se misturava a outros ruídos urbanos, como o das teclas nas máquinas de escrever” (PAZ, 1993:49).

Dente-de-leão

Gosto de imaginar que terei ideias geniais um dia. Para assoprá-las longe, poder desprezá-las sem remorso algum de ser-me. Alguém aí tem um sonho? Cabe no meu bolso?

15.3.09

Domingo, foto

Meu livro é uma vida aberta #4, 2003
Clique de Edison Veiga (1984- )

14.3.09

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

Deslumbrados com o acaso e o ocaso das instituições, poetas e profetas do início do século vinte ousaram como a física que esfacelava objetos materiais, como a geometria que metia fogo em tudo que era euclidiano. Novo preferido tema dos poetas, pintores e artistas em geral: o espaço-tempo. Nunca mais a literatura foi o que já era sido. Fluxos de consciência e outras loucuras nada lineares. Quebra da quebra da quebra da quebra da quebra... Um quebra-pau de paradigmas e estereótipos como não se havia visto então.

13.3.09

Seção da sessão



Porque nunca crescemos.

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

Outro teórico importante, o poeta Octavio Paz: a origem da poesia é a palavra falada, tradição oral, tradução visceral do sentimento inato. Ele fala de “uma delícia ao mesmo tempo infantil e cósmica, indo da confidência à exclamação e desta à profecia” (PAZ, 1993:31). Segue: “uma fraternidade entre os homens, os seres e as coisas, sejam astros ou ratos, tigres ou locomotivas, árvores ou sonatas...” (PAZ, 1993:31).

12.3.09

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

As palavras pertencem ao domínio do audível. Baumgarten acredita que daí vem elas parirem idéias sensíveis. Pode-se dizer que a poesia é profunda identidade icônica sonora. “É um procedimento poético proporcionar à audição o auge do prazer” (BAUMGARTEN, 1993:45).

Instante da estante

DUARTE, Orlando. Palmeiras: o alviverde imponente. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

11.3.09

Um quadro às quartas

Não quero impor limites, 1999
Obra de Milena Zülzke Galli (1977- )

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

Santander, na Espanha, saudade

Decidi que, a partir de agora, esporadicamente irei pegar o título do último post de algum dos blogs que eu frequento e escrever um texto aleatório sobre o mesmo assunto. Como você vai saber? Porque o marcador, (*cinzas) aí embaixo, vai ser "tal título".
E com este, que melhor seria enquadrado na tag "nota da redação", inauguro a seção.
dor de cabeça
e uma tontura enorme me atormenta:
- adeus?

ONZE DE MARÇO

Alguns maus humores me denigrem. A maioria deixa cicatrizes indeléveis.
Pense bem antes de falar comigo.
Pense melhor ainda antes de me silenciar.
Alguns maus humores me ferem. Algumas desconversas nos destroem por inteiro, inteiros, a dupla toda, o casal completo.
Porque viver não é repetir, com um sorrisinho mentiroso nos lábios, slogan de comercial de margarina.

10.3.09

1. Teorias de Base - Poesia, um caso de primeiridade

Baumgarten trata da sensação. Estética do sentir. O poeta tem que conseguir mascar nuvens que nem chiclete e fazer com elas bolas feito bolhas de sabão que não se estourem no ar. Dá pra acreditar que há um paralelo interessante entre Peirce, Pound e Baumgarten.

DEZ DE MARÇO

Há abraços que são infinitos.

NOVE DE MARÇO

Da coleção de cartazes inúteis, que as pessoas teimam em manter em seus cérebros.
- Nos seus tem letras?
- Só em dois. Nos outros, nada.
- Nem figurinhas?
- Nada. Estão em branco. Embora alguns sejam de cartolina amarela, verde ou azul.
- Daqueles tons clarinhos sem graça, né?
- Isso. Bem cartolina.
- Às vezes a vida toda é de pensamento-cartolina.

No radinho de pilha



(Sem palavras)

9.3.09

Minha cabeça, hoje

Estranho demais isso de saudades. Nunca trabalhei simultaneamente com você aqui, mas percebo restos de sua vida nos corredores, nos bebedouros d'água, nas cadeiras e mesas e pessoas.
De lá, saímos ao mesmo tempo, praticamente. Como uma alma bipartida, um campo semântico esfarrapado ou um sentimento arguto podado ainda na infância.
Haverá um reencontro? Teremos um tempo? Novo momento? Um abecedário novo?
Quando a luz se apaga, o que sobra são as lembranças. Todas tristes.

Cápsulas

Em forma de primavera, uma cicatriz bonita ela tinha perto do umbigo. Do lado esquerdo, como que apontando contra quem visse. Mas não um contra do mal; um contra para haver diálogo, simplesmente.

O resto era sobremesa. Em forma de cápsulas arrependidas, todos os doces do mundo.

Para começar a semana

"Ler é para a mente o que os exercícios são para o corpo."

Richard Steele (1672 -1729)

8.3.09

OITO DE MARÇO

Sempre quis ser um vândalo das palavras. Utilizá-las de modo pontiagudo, sagaz, impertinente.
Mas tudo o que venho conseguindo é destruir os objetos da casa.

SETE DE MARÇO

Quantas desconfianças são necessárias para minar um relacionamento?

SEIS DE MARÇO

Observo-te dormindo pesadamente enquanto sou tomado por tristes pensamentos:
- Quem de nós dois terá coragem de morrer primeiro?
- Quem restará?
- O que vai doer mais?

CINCO DE MARÇO

Permissividade vigiada. Na era das câmeras espalhadas por tudo que é canto, muitas fantasias sexuais não têm mais coragem de ser realizadas. Mas, como para qualquer sempre há um senão, diversas outras podem ocorrer justamente pela abundância de câmeras.

Este-me

tudo o que mereço
é o avesso
do inverso.

meu universo
é o acesso
que peço.

Domingo, foto

Meu livro é uma vida aberta #3, 2003
Clique de Edison Veiga (1984- )

6.3.09

Condição

se ficou no vão
entre a vida e a morte
não foi em vão.
Era uma vez um jornalista que acordou e se viu confundido com uma pauta. No dia seguinte, virou manchete em todas as bancas.

12. Nadas de arame

A cidade assim dá de comer aos pobres, enquanto os ricos passam fome em seus castelos rodeados por macacos endiabrados. Agilberto, um reles catador de lixo, entretém-se colecionando belos nadas de arame, um mais bonito que o outro, um mais perfeito que nenhum. É ele quem os constrói.

- Que tanto faz?

- Nada.

- Isso que não estou vendo não pode ser nada.

- Mas é.

- Você vende?

- Não, só vejo. Se vendesse precisaria pôr à venda.

- E por que não põe?

- Porque se colocasse, não mais veria.

- Como?

- A venda me taparia os dois olhos humanos, os dois olhos de vidro e os dois olhos de pensamento.

- Você só tem dois olhos de pensamento?

- Só.

- Dizem que a mosca tem quatro mil pares de olhos...

- Mentira.

- Não é não. Eu li numa revista.

- Mais mentira ainda.

- Talvez...

- E depois, você leu errado. O que ela tem é quatro mil facetas em cada olho.

- Descarada!

- Descarada.

- Para olhar melhor, minha netinha. Para olhar melhor... E crau!

- Ahn?

- Pior mesmo sou eu, que tenho quatro mil moscas em cada olho.

- Cada um, cada um.

- Cada quatro mil, cada quatro mil, cada quatro mil...

- Cada um tem o olhar que merece.

- Matei uma!

Agilberto continuou construindo nadas de arame.

Seção da sessão



Muito bem sacado.

5.3.09

Instante da estante

MARIANA, Maria. Confissões de adolescente. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.

Brainstorm inútil

A CIDADE EM TEMPO REAL E IMAGINÁRIO
A CIDADE ONDE TUDO ACONTECE
A CIDADE DE DEUS E O MUNDO
A CIDADE ASSIM DÁ DE (COMER)
A CIDADE EM SI
A CIDADE ENSIMESMADA
A CIDADE COMO ELA É
A CIDADE NERVOSA E CAÓTICA COMO DOIS BRAÇOS
A CIDADE MAIS BONITA DO MUNDO
A CIDADE DOS PAULISTANOS
A CIDADE SONHADA POR CORTÁZAR
A CIDADE DO EDISON VEIGA
A CIDADE, SEUS MISTÉRIOS, SEUS SEGREDOS
A CIDADE MORENA, TORRADA DE SOL
A CIDADE LINDA
A CIDADE: NOTÍCIAS, CURIOSIDADES E DICAS
A CIDADE: MANUAL DE INSTRUÇÕES
A CIDADE DO BRANCA
A CIDADE-IMPÉRIO DO BRANCA
A CIDADE DA BRONCA
A CIDADE E SEUS TUDOS
A CIDADE, NADA MAIS
A CIDADE
A CIDADE DE SÃO PAULO
REVELAÇÕES DA CIDADE
PAULISTICES, CURIOSIDADES, DICAS E ALGUMAS NOTÍCIAS
PORÉNS, CONTUDOS, ENTRETANTOS E ALGUNS DEVANEIOS

4.3.09

QUATRO DE MARÇO

Pretendo ganhar a vida construindo cataventos e a morte fabricando espelhos. Ambos têm simbologia forte o bastante para que qualquer existência valha a pena.

TRÊS DE MARÇO

Calhau de pensamentos, um receio absurdo me persegue desde quase dois anos atrás. No começo, tentava apagar. Com o tempo, me acostumei.
De tal forma que se me tornou necessário.
Quando em seu lugar entra um anúncio das Casas Bahia, confesso que sinto falta. Parece que meu pensamento fica desorganizado demais com a rediagramação.

De alhos, bugalhos e hálitos

coleciono olhares melhores
nos piores álbuns.

cada página, um rasgão misógino
sem ágio
nem agilidade alguma.

um olhar me alimenta,
outro me habita.
nenhum me hálita.

contra mau álhito
não há olhos
que resistam.

Um quadro às quartas

É só um reflexo, 1998
Obra de Milena Zülzke Galli (1977- )

3.3.09

No radinho de pilha



"Eu vou fazer de tudo que eu puder"
(Roubado do blog do William)

2.3.09

DOIS DE MARÇO

Cultivo preguiças na sacada.

PRIMEIRO DE MARÇO

O poeta enorme vestiu um casaco preto e preparou-se para cometer suicídio. Seria o quinto em sua carreira, com mais sobressaltos que saltos.

Para começar a semana

"O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho."

VINTE E OITO DE FEVEREIRO

Fora de mim, um poeta enorme desmancha-se após ser desancado por versos livres.
Apanha uma caneta -- sua arma -- e desfere-na conra o papel -- sua vítima.

VINTE E SETE DE FEVEREIRO

O desconhecer e ter. O não-querer e ter. O faltar e ter. O não-poder e ter.
Mazelas da sociedade de consumo.

1.3.09

Domingo, foto

Meu livro é uma vida aberta #2, 2003
Clique de Edison Veiga (1984- )