31.7.08

Instante da estante

SOARES, Wladimir. Spazio Pirandello: assim era, se lhe parece. São Paulo: Jaboticaba, 2007.

30.7.08

Um quadro às quartas

Sem título, 1996
Obra de Sálvio Daré (1963-1996)
o silêncio contrai o tédio atrai o crédito trai o medo subtrai o remédio abstrai o nada distrai o deus, contrai.

29.7.08

Terça sonora



"Não enche"

28.7.08

Para começar a semana

"À medida que você vai conhecendo a língua, vê um mundo que não está no texto, mas sim no intertexto."

27.7.08

Domingo, foto

Chuva, 2005
Clique de Henrique de Carvalho (1980- )

26.7.08

Sem-fim

Diz o autômato.

Desdiz.

Diz de novo.

E assim sucessivamente.

Depois ao contrário.

25.7.08

Filminho de sexta



Sessão nostalgia.

24.7.08

funciona assim: uma canção pode ser inesperada ou desesperada; um dia pode ser turvo ou interessante; uma morte pode ser minha ou de outro; um beijo pode ser seu.

enquanto tudo não acontece ao mesmo tempo, fico colecionando esperanças.

Instante da estante

BARROS, Manoel de. Poeminha em língua de brincar. Rio de Janeiro: Record, 2007.

23.7.08

Sem título, sem explicação

Fica a certeza. Precisava ser assim, a partida -- que sempre me faz lembrar o fazer-se em pedaços, partículas, farelos, migalhas -- tinha de ser simultânea. Fica a certeza. Tão certa que é destas que dispensam explicações, justificativas ou ferrugens. Tão sincera que não usa roupas. Tão emocionada que lacrimeja, enquanto guarda as rimas para viver depois.

Quando sentir saudades, procure-me no espelho mais próximo.

Caconde

Sinto pelo Seu Fabrício. Apesar de (ou por ser) cachaceiro, era gente boa. Mas se a administração predial decidiu mudar da água-que-passarinho-não-bebe para o vinho e entrar nessa de globalização, palmas para a companhia terceirizada.

Não sei por que não estou completamente bem. Também não sei por que acha que entendo isso de viver e de jornalistar. Sou aprendiz em tudo o que faço. Seja ao acariciar uma mulher e sempre redescobrir suas curvas, seja ao preencher mais uma lauda com letrinhas inconformadas. O foda é quando me olho ao espelho e reconheço-me nem metade do homem que eu queria ser. Nem metade. Nem metade.

Mas nao deve ser uma conclusão geral. Penso que elas nem existam.

Um quadro às quartas

Cromo em rosa, violeta e verde, 1997
Obra de Marco Giannotti (1966- )

22.7.08

Eu não odeio Ninguém.
Ninguém é gente boa.
Eu odeio Todo Mundo.

Terça sonora



"Que só quando cruza a Ipiranga
E a Avenida São João"

21.7.08

21 de julho

Os caminhos até você são difíceis, cada vez mais. Sem atalhos, nem algum mapa salvador. Quando eu me encontro, já a perdi. Se a reencontro, sou eu quem não estou. Tipo um riacho com a água escorrendo por entre as pedras, as perdas. Ou um cabisbaixo homem de bíblia debaixo do braço, contando os passos que o separam das ovelhinhas desgraçadas.

- Acorda, menino! Tá delirando?

Sim.

Hoje

Quando acordei, vi-me transformado em um chafariz. Quebrado. Ao redor, os mendigos vinham procurar água e voltavam de boca seca, salivando nada. A praça toda aos meus pés, como se eu fosse o rei. Um rei morto. Um ditador deposto. Um semideus vilipendiado.

Foi então que um menininho de sete anos incompletos mijou em minha bacia. Quentinho, nojento. Lembrei-me que, além de tudo e mais um pouco, sou um completo perdedor.

Para começar a semana

"Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar.

P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar."

Clarice Lispector (1920-1977)

20.7.08

Domingo, foto

São Sebastião, 2008
Clique de Viviane Aguiar (1983- )

18.7.08

POEMA (TRISTÍSSIMO) QUE NÃO FOI

(clique para ampliar)

Filminho de sexta



A Era dos Campeões.
(Aqui, partes 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10)

17.7.08

Misantropia assumida

Assíduo declinador, Edison Costa da Veiga Junior se apresentou em retirada. Do lado de fora, capitaneará a debandada das tropas, assistirá a queda do império nosocômico e, em seguida, correrá contra a enxurrada de infames freqüentadores.

Instante da estante

TOLEDO, Benedito Lima de. Frei Galvão: arquiteto. Cotia: Ateliê Editorial, 2007.
(Mais aqui)

16.7.08

Aqui

Todo dia novas mentiras e um monte de verdades velhas.

Café amargo -- viagens próprias

Li lá, gostei pacas. Preciso lhe confessar os devaneios a que fui acometido durante. Que a moça, dita loura bela, era filha da grávida daquela série dos primórdios de seu blog. Não dá liga?

Para complicar ainda mais a história, o sujeito semidesnudo não seria o pai verdadeiro dela, mas sim o que surge na vida da grávida. Talvez embole, talvez role.

O importante é que o conto, por si só, ficou jóia. Hoje gostei. Agora vou voltar a ler o livro que me emprestou -- ainda mal o comecei.

Um quadro às quartas

Sem título, 1997
Obra de Fábio Miguez (1962- )

15.7.08

*

Chorar a falta, necessidades.
Tudo o que eu preciso é de uma cama.
Com novo lençol.
Amenidades.

Por que não a encontro nas interrogações?
Nas dobras? Nas perdas? Nas lágrimas?
É triste.

Frase

Em desconstrução, o poeta sorri.

Terça sonora



"Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim"

14.7.08

Paráfrase II

Sem confusão não há tesão.

Para começar a semana

"A força não provém da capacidade física e, sim, de uma vontade indomável."

13.7.08

Paráfrase

Sem confusão não há solução.

Domingo, foto

Fábrica abandonada em Itu IV, 2004
Clique de Henrique de Carvalho (1980- )

12.7.08

To be

Há quem leio e já me imagina detrás do texto. Como Jeremias, aquele personagem de mil posts atrás, que nem lembro mais se matei ou se perambula sonâmbulo pelas lacunas cerebrais públicas. Há quem não gosto. E quem coleciono. Dentre todos, talvez, lá dentro, também haja um ser humano. Que só queira ser humano.

11.7.08

Anotações mentais de uma manhã solitária

A vida na tela de um computador. A janela, um papel de parede. A parede, uma janela. A vida que era para ter sido e que não foi. Letrinhas digitadas, nenhum rabisco. O alfabeto no Word. A confusão no mundo. A vida na tela de um computador. Meu computador. Cada vez menos meu, cada vez mais portátil.

Na tela de um computador, a vida. Cada vez mais portátil, cada vez menos minha.

Filminho de sexta



O menino (bem-)bolado.

10.7.08

Instante da estante

ALMEIDA, Manoel A. de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Klick Editora, 1997.

9.7.08

Um quadro às quartas

Sem título, 1997
Obra de Célia Euvaldo (1955- )

O colecionador de saudades

Sou um colecionador de saudades. Mas não guardo retratos, nem lembranças, relíquias ou beijos. Não cultivo lágrimas. Não persigo reencontros, telefonemas, cartas, e-mails. Não fujo da ausência.

Acho que sou mesmo um colecionador de saudades. À moda antiga.

8.7.08

Terça sonora



"And when the broken hearted people
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be"

7.7.08

Para começar a semana

"Não é às estrelas, mas sim a nós mesmos que estamos subordinados."

6.7.08

Domingo, foto

Arraial do cabo, 2008
Clique de Viviane Aguiar (1983- )

4.7.08

Filminho de sexta



Para quem gosta de um bom vinho.

3.7.08

Instante da estante

KAJURU, Jorge. Condenado a falar. Ribeirão Preto: São Francisco Gráfica e Editora, 2008.

2.7.08

(antigo) poema pra fazer você dormir

Quero um poema macio
quase vazio
pra te embalar no frio
desta solidão de verão
e fazer você dormir

Quero um poema eterno
quase terno
pra te embalar no inferno
desta vida sofrida
e fazer você dormir

E você dormindo é tão linda!
Assim despreocupada na sutileza do cetim...
quase um oceano sem fim no lençol!

O corpo esparramado é só alma
e mais nada!
O sonho parece um ano de calma
e não carece mais planos:
O amanhã então não te preocupa!

Um quadro às quartas

São Paulo, 1924
Obra de Tarsila do Amaral (1886-1973)

1.7.08

O grande problema são as relações humanas.
Desumanas.

Terça sonora



"Quando eu vou cantar, você não deixa
E sempre vêm a mesma queixa
Diz que eu desafino, que eu não sei cantar"