22.7.05

Uma ponte

Os nervos estavam tão pungentes quanto presas de mastodonte. Eu era uma ponte, não kafkiana, mas cortazariana. Cortante. Uma ponte que cortava um rio que não sabia mais para onde corria, era sangria, era mar vermelho, era obstáculo, era morto.

Quando, num dado momento, o sol veio e secou tudo. Eu era uma ponte imponente e cuspi na cara dele. Amarrei sua juba, dei três nós cegos, fiz-me surda e quedei-me paralisada, ponte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bonito isto, Edison. Aliás, eu sempre gosto do que você psicografa...hehe