Quando eu era mergulhador, era comum que eu confundisse a fome com a vontade de dormir. Por isso, tratei logo de cultivar uma plantação de eucaliptos no quintal de meu apartamento (uma bela sacada de dois metros quadrados).
Funcionava assim: batia a fome, eu corria para a mudinha de árvore e começava a costurar um pezinho em outro. Daí vinha o sono e eu armava minha rede entre dois pés e ficava balangando, balangando.
Acordava de pandu cheio.
Os peixes do aquário nunca entendiam tudo aquilo: afinal, era eu o Deus que invadia seu habitat e aspirava todo o pó das pedras, passava pano no limo verde do ecrã, cozinhava ração todo-dia. Para eles, as coisas pareciam muito estranhas. Como poderia ser eu gritando por socorro com uma sucuri em volta do pescoço? Como poderia ser eu o macaco suicida a pular de galho em galho nos eucaliptos?
Acordei chorando.
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