11.12.08

“Caro Deus
(sinceramente, até hoje não aprendi se tenho que o tratar por você, senhor, vossa excelência ou outros pronomes antiquados e feios)
Hoje amanheci com vontade de escrever um bilhete para as estrelas. Então me disseram que a estrela não tem vida e eu fiquei pensando assustada porque a gente se fia em papo de astrônomo que garante estarem vivas várias estrelas e não todas estarem mortas e nós aqui sem sabermos por causa da morosa velocidade da luz. Já pensou se amanhã ou depois a gente acorda e está tudo escuro porque as estrelas já morreram e a luz já se cansou e cumpriu todo o caminho até nossos olhos? Um apagão intergaláctico culminaria com o fim de tudo ou a tristeza seria, como sempre, só passageira?
Acho que você não deve ter a resposta para esse meu dilema, pois já perguntei até para o garoto mais inteligente da turma e ele também não soube me responder, de tal forma que não seria você o sabe-tudo capaz de solucionar a questão. Um dia eu vou conhecer algum gênio americano de Harvard, daqueles que aparecem em filmes de ficção científica, e então obterei a certeira.
Agora me explica uma coisa? Para que servem os anjos? Quando ocorrem as fatalidades eles estão de férias ou apenas tirando um costumeiro cochilo depois do almoço? Como vou saber o nome do meu anjo? É sempre o mesmo ou de vez em quando eles são trocados? Quando eu morrer ele se aposenta ou recebe outra missão de defesa para cumprir? Os anjos são filhos de quem?
Ando preocupada com outro ponto fundamental da história. Sempre aprendi que você, sendo criador, existia antes de tudo. Então você é filho de quem?
Vou terminando por aqui, pois tenho uma porção de grandes coisas a conquistar e não posso ficar aqui parada. Espero ansiosamente que me responda, senão quando eu morrer e chegar aí vou lhe dar um puxão de orelhas.
Beijos de
Ana Clara.”

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