16.10.08

Afinal, quem nunca sonhou ser poema? Ela estava absorta nisso, um poema de vidro à beira de abismo que pode se quebrar num leve toque do vento, caindo profundamente e influenciando as futuras gerações. Quem nunca sonhou ser poema? Ela era ela, sentia-se um lindo poema quase perfeito, burilado com carinho pelas mãos do sábio poeta do seu coração. Ela era palavras nuas e cruas, e estava assim aconchegada em sua cama quentinha, toda nua ela, verso e coragem, pensamentos e sonhos, desvarios. Bem sabia, é verdade, que qualquer dia amanheceria e então desperta podia descobrir seu engano de querer ser poema, então se certificava meticulosa que não era tão perfeita como pensava naquele momento. Blém-blém-blém, só o tempo passa quando se pensa e o mundo pára.

Um comentário:

Marcelo Ventura disse...

Aí, rapaz. Muito bem. Produção intensa. Abraço.