19.3.08

SÉCULO 21, TEC-TEC HIGH-TECH

tec-tec-tec-tec-tec
silêncio
o eco tec-teclando detecta mais um poema
ou um novo bug-problema?

impossível saber ao certo
se perto de bits e bytes tudo é fiasco
o tecno-asco global redireciona os valores

formata-se o hard disk
mata-se o ser humano
e a língua portuguesa
míngua minha mágoa

tec-tec-tec-tec-tec
silêncio
entre bits e bytes o poeta faz um poema
pensando na amada virtual
quase uma paixão cibernética
no meio do e-mail
quase um prazer carnal
teclando-se?

acessa-se uma home page
cessa-se o sono para sempre
noites perdidas, versos chocos
sina vespertina de não dormir

tec-tec-tec-tec-tec
silêncio
silêncio todos por favor, ouçam-me senhores
minha voz metálica robotizada quer falar
quer reclamar a preservação da espécie
da língua, dos beijos, do poema
antes que tudo vire vício de silício

Um comentário:

Giovanna Longo disse...

uma crônica cibernética.. essa era nova no seu repertório, não?!
o mais interessante da tecnologia é o novo vocabulário que impõe. já reparou que gente que manja de internet, rede e tudo mais fala como se soubesse realmente sobre o que está falando? a retórica, sabe-se lá por que, acaba dando um ar de conhecimento e impõe certo respeito.