21.12.07

enfim, a outra manga

Uma manga doce mas que me deixou cheio de fiapos no dente. Resultado do que chupei, talvez. Alcancei a sabedoria numa noite de verão pós-carnaval. Era março ou fevereiro, mas talvez dezembro mesmo, porque não me lembro ao certo. Eu fumava um cachimbo freudiano que fedia muito e me dava uma aparência de dândi incompreendido. Pensava sobre aspectos culturais e fazia, a meu ver, proposições provocadoras, levantando hipóteses de vanguarda para o pensamento gnomínico contemporâneo. Cheguei a supor, por exemplo, que os outros animais, inclusive os medíocres seres humanos e seu mundinho de plástico, tivessem algum tipo de cultura, ainda que incipiente se comparada ao avançado e inalcançável estágio a que nós chegamos a custo de milênios de civilização. Fui tomado como um herege dentro dos meios acadêmicos, fica fácil entender o porquê. Digamos que provoquei a quarta – ou quinta, sou péssimo com números – ferida narcísica na História da Gnomidade.
Pois bem, voltamos à manga principal, que complementa minha camisa, sendo necessária sobretudo em noites de frio. Dizia como atingi a sabedoria.
E foi numa noite de frio. Minto, estava calor, e bastante quente, pois era pós-carnaval, que aconteceu. Não me lembro direito do antes nem do depois. O durante também não me é tão claro porque vivi tudo em primeira pessoa, o que é mais difícil de reter na memória do que quando acompanhamos a câmera no modo terceira pessoa. Mas para não frustrá-lo em sua leitura, vou inventar os detalhes de como foi.
No dia em que eu inventar eu conto. Prometo.

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