1.2.09

Obsolescência, obso-excelência, observação à ciência

No reino do beleléu eu era um garoto que sonhava com um Atari 2600, um computador de letrinhas verdes e com o dia em que os telefones não mais teriam fio. No reino do beleléu a velha tinha um arco bem mais bonito do que o arco-íris.

O tempo passou de repente. Na verdade, temos a impressão de que ele passa sempre e cada vez mais rápido. São os traumas da evolução tecnológica e suas máquinas que em três dias já estão obsoletas - a pós-modernidade só tem servido para descartabilizar o novo, envelhecer o que ainda não funciona bem, corromper nossos sonhos.

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- Logo o homem estará obsoleto! - comemora o cientista maluco, como se já não estivéssemos.

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- Logo o homem estará obsoleto! - comemora o cientista maluco, olhando para seu novo robô-invento. Como se não percebesse estar se suicidando.

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- Logo o homem estará obsoleto! - comemora o cientista maluco, brincando de brincar de Deus, em seu laboratório de bilhões de dólares financiado pela Nasa. Enquanto isso, crianças morrem de fome no Afeganistão, na China ou em qualquer lugar do Brasil.

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- Logo o homem estará obsoleto! - comemora o cientista maluco. E deitado ele sonha. E sonhando:

"Acordei porque estar na mídia é moda. Toc-toc-toc:

- Sai da frente porque já falei que não estou! Mas eu continuava insistindo, nsistindo, sistindo, istindo, stindo, tindo, indo, ndo, do, o. Chato.

Abordei porque estar na moda é mídia: Toca, eu não sei. Mulhervilhosa me perguntou. Disse, toca eu não sei, disse. Te amão.

- Você é meu parfeito para mim.

Eu sentei e chorei." Mas isso foi no reino do beleléu, quando sonhar era de verdade. Isso foi no reino do beleléu, quando o homem ainda existia. Isso foi no reino que já foi pro beleléu.

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