25.1.09

Vagos reflexos e divagas reflexões

Sonhos, estilhaços de sonhos, como que fossem de um espelho quebrado em sete pedaços depois dos pedaços do coração em pedaços, estilhaços e cacos de vidro espelhado, estilhaços onde vejo refletidas minhas lágrimas, meus olhos, meu olhar.

CLASSIFICADOS
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VENDO
Os olhos
Com uma venda bem negra.
Preço a combinar.
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TROCO
Olhares.
Suspiros.
Ilusões.
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COMPRO
O que se desfaz
No ar.
Ao vivo.
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Sonhos, estilhaços, uma gota de. Saudade? Eu ia dizer saudade? Liberdade. Liberdade ainda que tarde, ainda que arde, arda, doa de doer mesmo. Espelho quebrado. Sete pedaços. Sete anos de azar. Sete meses no Tibet. Sete anos na prisão. Sete séculos de solidão. Sonhos? Só doces de padaria.

Acordei. Olhei-me ao espelho e refleti, refletido que estava, quão tacanha é a. Vida? Morte? Meio-termo entre. Sempre entre. Meio e meios. Solução. Soluções. Soluços.

Acordei novamente. Olhei-me ao espelho e fiquei espantado:

- Afinal de que lado do espelho eu moro?

Do lado de cá. Mesmo sem saber se aqui é vida ou apenas imitação da vida. Imaginação da vida. Mesmo sem saber se eu me quebraria ao cair ou sou feito de pele e osso mesmo. Mesmo. Mesmo sem saber de nada nem saber o que é saber. E aquelas coisinhas do sabiá que sabia assobiar e blá-blá-blá.

Acordei mais uma vez e pensei como seria feliz se ao menos algum dia minhas palavras fossem pena passeando por cada centímetro do teu corpo, fazendo-te carícias impossíveis de tamanho e cor.

Então voltei dormir. Dormi hora e meia. No meu sonho tinha um revólver verde e quase enferrujado com o qual eu matava todas as pessoas chatas. Matei-me.

(Dizem que morto não tem reflexo no espelho!)

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