31.8.09
3. Reformulação - O "Branco no branco"
“Branco no branco” é o primeiro jornal self-service que alguém já ousou fazer. Podendo ser comprado em qualquer papelaria por poucos centavos, existe em diversos formatos (o que apresentamos neste trabalho é tamanho A3 e custou dez centavos!) e é acessível a praticamente toda a população. Extremamente versátil e dinâmico, é dotado de imensa capacidade de adaptação a diferentes públicos-alvo e diferentes situações.
Para começar a semana
"O escritor é sempre o último a chegar à festa, último a se divertir com o ato da escrita."
Mario Bellatin (1960- )
Mario Bellatin (1960- )
3. Reformulação - O "Branco no branco"
De súbito fomos acometidos da mais brilhante e estapafúrdia idéia da história do jornalismo: um jornal em branco! Em um só produto, o alfa e o ômega do jornalismo, o início, o fim e o meio. O avesso do avesso do avesso, mas em labirintos nervosos da imaginação.
30.8.09
3. Reformulação - O "Branco no branco"
Nossa primeira idéia nasceu numa noite chuvosa de setembro. As estrelas que costumam luciluzir sobre nossas cabeças, apontando para os nossos dedos de eternos nefelibatas, não vieram naquela ocasião. Vai ver ficaram com medo de se apagarem na chuva, pensamos, e entramos em casa, ligamos a TV e acendemos uma fogueira bem no meio da sala para queimarmos idéia fora.
29.8.09
Porque hoje é sábado
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
(Manuel Bandeira)
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
(Manuel Bandeira)
3. Reformulação - O "Branco no branco"
Que o jornal está velho e suas páginas andam amareladas de informação, todo mundo está careca de saber, o que nos escusa maiores explicações. Mas qual seria a solução mais radical, solução que ultrapassasse o grunhido de um soluço bem grande e realmente fosse um marco na história do jornalismo?
28.8.09
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Os produtos atuais devem ser mais próximos do interior dos homens. Dia-gramados. Dia-gramados de acordo com o nosso dia-a-dia, nosso cotidiano intenso e profundo, exaustivo mas mágico. Dialogar com nossos sentimentos. Estimular nossa imaginação. Provocar nossa criatividade. Incitar nossos instintos. Devem ser como nós. Equilíbrio desequilibrado. Estrutura desestruturada. Prosa e poesia. Verso inverso. Verso. Inverso. Verso em verso. InVerso.
27.8.09
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Isso é algo que propomos, pomos, em nosso produto. Produto em que a forma foi mantida para que o público possa se identificar com InVerso, aproximando-se da revista. O conteúdo, novo inovado inovador para proporcionar um maior lirismo em meio às atribulações da vida moderna. Momento de identificação, interior, exterior, com aflições que atingem a todos nós. Local em que o dividido indivíduo se sinta refletido. Inserido. Acolhido. Imprimido. Exprimido. Controvertido. inVertido.
VINTE E SEIS DE AGOSTO
Escreveria uma bíblia dupla no dia de hoje, não fossem os cansaços físico e mental e a total falta de escrúpulos que ainda me comove, entre danos, aspas e divagações mundanas. Escrevi, ao contrário, nenhuma linha. Como que para desafiar os oximoros da vida, que resultam de vinte e três por cento dos fatos e nos setenta e sete restantes.
VINTE E QUATRO DE AGOSTO
Lema gasto, porém extremamente útil: um dia de cada vez, um dia de cada vez.
VINTE E DOIS DE AGOSTO
É um ritual de doentes: o despertar agônico, a tristeza irremediável, as ramelas contínuas, a dor durante as abluções matinais. Depois vem o solzinho da amanhã e a eterna lembrança de que somos animais, finitos e ridículos.
Isto não foi um pesadelo. Sim, um choque de realidade.
Isto não foi um pesadelo. Sim, um choque de realidade.
26.8.09
DEZENOVE DE AGOSTO
Refazer velhos amigos é como driblar ilhas perdidas ou atirar em passarinhos pitorescos -- em detrimento dos comuns.
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Tendência à página globalmente diagramada, dará a mensagem da comunicação visual? Comunicação linear consagrando o dinamismo pela associação de imagens. Diagramação de dar o desejável. Equilíbrio? Personalidade? Da revista? Dos veículos? Ou de nós mesmos? Diagramação, possibilidade de informação? Barata, clara, humanizada, atraente. Importância em descobrir o ponto de apoio da página. E escolher o elemento que vai orientar toda a diagramação. O equilíbrio é o elemento chave para o sucesso de uma página “bem resolvida”. Mas a página transmite o cotidiano do ser humano. Cotidiano mal resolvido. Indivíduos mal resolvidos em páginas bem resolvidas... Para quê? Para quem? Não devemos numa revista expressar as nossas angústias, paixões, aflições, alegrias, sensações, devaneios, divagações? Precisam ser equilibradas, bem resolvidas? Não devem ser como nós mesmos? Representar-nos. Refletir-nos.
DEZOITO DE AGOSTO
Sempre há a vontade de revelar meus segredos e, principalmente, meus sonhos. Tudo o que consigo, entretanto -- e olhe lá! --, é compartilhar as boas notícias.
25.8.09
24.8.09
Para começar a semana
"Eu sou o mais regionalista dos escritores. E quanto mais regionalista um texto, mais universal ele é."
Milton Hatoum (1952- )
Milton Hatoum (1952- )
23.8.09
19. O silêncio não é exclusividade minha
- O silêncio não é exclusividade minha.
- Nem minha.
- Tanto que falamos, aliás. E falamos tanto que nos perdemos do próprio eco.
- Eco?
- Por que o diálogo e não o monólogo? Por que o diálogo troglodita? Queria poder ser um ponto de interrogação, desses que se entortam, cabisbaixos, narigudos, indecisos.
- Pois saiba que você é o narigudo em pessoa.
- Mentira!
- Verdade...
- E onde está minha indecisão? Onde está minha cabeça abaixada? Onde estou?
- Inútil tentar convencer os cegos a enxergar.
- Pois é. Dia está triste como um poeta cego.
- Dia está triste como um padre ateu.
(Ainda bem que ele já morreu.)
- Nem minha.
- Tanto que falamos, aliás. E falamos tanto que nos perdemos do próprio eco.
- Eco?
- Por que o diálogo e não o monólogo? Por que o diálogo troglodita? Queria poder ser um ponto de interrogação, desses que se entortam, cabisbaixos, narigudos, indecisos.
- Pois saiba que você é o narigudo em pessoa.
- Mentira!
- Verdade...
- E onde está minha indecisão? Onde está minha cabeça abaixada? Onde estou?
- Inútil tentar convencer os cegos a enxergar.
- Pois é. Dia está triste como um poeta cego.
- Dia está triste como um padre ateu.
(Ainda bem que ele já morreu.)
22.8.09
Porque hoje é sábado
Walking around
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
(Pablo Neruda)
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
(Pablo Neruda)
21.8.09
20.8.09
DEZESSEIS DE AGOSTO
O colecionador de aniversários entra em cena, é apaludido efusivamente e sai de cena.
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Talvez essa teimosia em manter o formato tradicional seja motivo gradual, aumento da preferência, especialmente por parte dos leitores mais jovens, pelas publicações eletrônicas que, além de inovarem na forma, ainda têm ingredientes extremamente atrativos, como movimento, interatividade, criatividade. Oposição ao arranjo tradicional, palavras escritas e impressas em nossa civilização em linhas retas horizontais, praticidade, viabilidade, “tradicionalidade”. Não à viabilidade! Sim à novidade!
QUINZE DE AGOSTO
Sensações. Olvidos. Lembranças. Expertezas.
- Tem um tanto de mim?
Só sobras a soçobrar seus cotovelos.
- Tem um tanto de mim?
Só sobras a soçobrar seus cotovelos.
ONZE DE AGOSTO
A perseguição não tem data para me alcançar tanto quanto meu cansaço invertido. Toédio.
SETE DE AGOSTO
Cabisbaixo feito um ponto de interrogação, o indivíduo era a reprsentação plena de tudo o que é, em essência, e do que jamais passará: um indivíduo, um cidadão puntiforme, uma nulidade bêbada nesta sociedade de desimportantes bem-sucedidos.
SEIS DE AGOSTO
As metas existem para jamais serem alcançadas, muito embora sempre perseguidas. Eis a sabedoria, penso eu.
19.8.09
CINCO DE AGOSTO
É absolutamente amargo o entardecer a me recordar de outro dia que se foi sem que nada eu tenha feito de sinceramente relevante.
TRÊS DE AGOSTO
A espera judia de nossas almas, diz o intrépido repórter parado na esquina mais movimentada de São Paulo. São Paulo, meu amor. São Paulo, meu caminho. São Paulo e suas cicatrizes, tão desumanas e cruéis que acabaram por me impregnar grosseira e definitivamente.
DOIS DE AGOSTO
Adianto dois dentes ao dentista que os demais dias dormirão depois do adeus. Quem duvida? Deus?
PRIMEIRO DE AGOSTO
Faria uma música se poesia ainda houvesse. Mas não. Não há nem poesia, nem tempo, nem espaço na página taciturna de jornal.
TRINTA DE JULHO
Outro mês que quase escorre por entre meus três dedos mais longos e aduncos. Vai que é uma reza. Vai que é uma maldição.
No fundo, sei que são só meus azares todos deflagrados.
No fundo, sei que são só meus azares todos deflagrados.
VINTE E NOVE DE JULHO
Eu era um homem novo que colecionava cansaços impraticáveis sempre em busca das consumações. Atravancava meu próprio caminho, sobrava-me ímpar, salientava imperfeições alheias.
Quase nem dormi, noite passada, de tanto pensar nisso.
Depois acordei, trêmulo, absoluto.
Quase nem dormi, noite passada, de tanto pensar nisso.
Depois acordei, trêmulo, absoluto.
VINTE E CINCO DE JULHO
Dos sonhos que avisto, poucos existem de fato. Preferem eles assentarem sóbrios, pelos sombrios recantos do mundo.
Existir o que é, afinal?
Pessoas e coisas só existem completamente depois que morrem.
Existir o que é, afinal?
Pessoas e coisas só existem completamente depois que morrem.
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
A revista atual. Preocupação de estabelecer elementos gráficos que atuarão de forma a reforçar a idéia no sentido de assegurar um estilo próprio. Para tanto, tantas revistas, utiliza-se de caracteres tipográficos para texto, título, aberturas, legendas. Todos muito bem definidos. A legibilidade de um texto depende da forma das letras. A diagramação da revista atual significa desenho gráfico. Diagramar é fazer o projeto de distribuição gráfica das matérias a serem impressas de acordo com determinados critérios jornalísticos, visuais. Proporcionar maior velocidade de leitura.
VINTE E QUATRO DE JULHO
Aprimoramento. Cratera. Abracadabra. Proximidade. Prosseguimento. Proteção. Cromossomos. Acrópole. Trabalho. Trôpego. Tropeço. Atrapalhar. Atravancar. Brutamontes. Troglodita. Trêmulo. Drenagem. Fracasso. Hidroponia. Granulometria. Fotografia. Drosófilas. Plural.
18.8.09
VINTE E DOIS DE JULHO
A percepção atrapalha a visão real do mundo, diria o protofilósofo, em suas lamúrias de despedida. A involução é a batalha. Fraca batalha. Franca batalha.
No radinho de pilha
"Para vigias em ronda: café
Para limpar a lousa: apagador
Para o beijo da moça: paladar
Para uma voz muito rouca: hortelã"
A beautiful place to die in peace
Olhar a chuva molhando meio mundo
Ficar de molho, mudo
Alimentar sonhos velhos de tudo
Ler livros livres vermelhos
Ver melhor os joelhos e as falhas do bispo
Contemplar a alheia sorte da morte de Cristo
Olhar a chuva chorando respingando gotas d'água
Malhar as calhas donde escorrem mágoas
Colher flores e folhas molhadas de chuva
Ficar mudo, de molho
Inverter tudo o que é espelho
Destelhar o telhado entulhado de trapos e traças
Catar piolhos, afogá-los na chuva molhada
Falhar pela última vez com as tralhas
Espalhar espantalhos no trabalho
Olhar nos olhos do malandro melindroso
Escolher colheres e mulheres para o futuro
Apagar a luz, a vela, a lua. Tudo escuro.
Sobretudo olhar a chuva molhando meio mundo
Suas gotas lágrimas são indispensáveis
Para chorar pelo morto, embrulhado na mortalha.
Ficar de molho, mudo
Alimentar sonhos velhos de tudo
Ler livros livres vermelhos
Ver melhor os joelhos e as falhas do bispo
Contemplar a alheia sorte da morte de Cristo
Olhar a chuva chorando respingando gotas d'água
Malhar as calhas donde escorrem mágoas
Colher flores e folhas molhadas de chuva
Ficar mudo, de molho
Inverter tudo o que é espelho
Destelhar o telhado entulhado de trapos e traças
Catar piolhos, afogá-los na chuva molhada
Falhar pela última vez com as tralhas
Espalhar espantalhos no trabalho
Olhar nos olhos do malandro melindroso
Escolher colheres e mulheres para o futuro
Apagar a luz, a vela, a lua. Tudo escuro.
Sobretudo olhar a chuva molhando meio mundo
Suas gotas lágrimas são indispensáveis
Para chorar pelo morto, embrulhado na mortalha.
17.8.09
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
A capa existe para ser atraente, chamar atenção visualmente antes de chamar atenção para o conteúdo anunciado. Logo é possível dizer que ela é toda em linguagem não-verbal, pois mesmo os textos têm relação intrínseca com as imagens e chegam a ser tratados como tal na hora das montagens. Mas não são?
DEZENOVE DE JULHO
Eu era um homem que sabia ler o mundo, com seus chuviscos fora de hora, suas árvores balançando e seus olhos da cor do sol.
Eu era feliz quando começava o dia contando os pássaros da alvorada e terminava a noite nomeando as estrelas. A cabeça sempre apontando para cima, fizesse chuva, fizesse lua.
Mas então o tédio me consumiu. E eu, aos vinte e poucos, tornei-me este ser taciturno e sorumbático.
Eu era feliz quando começava o dia contando os pássaros da alvorada e terminava a noite nomeando as estrelas. A cabeça sempre apontando para cima, fizesse chuva, fizesse lua.
Mas então o tédio me consumiu. E eu, aos vinte e poucos, tornei-me este ser taciturno e sorumbático.
DEZOITO DE JULHO
Os jornais escorregam de sua mão leve. Seus olhos, velhos, perdem-se, vermelhos, diante de tanta letra, tanto papel, tanta tinta, tantos tontos.
É pedir para chorar. Mas as lágrimas, há muitos, estão secas.
É pedir para chorar. Mas as lágrimas, há muitos, estão secas.
DEZESSETE DE JULHO
O brilhante cidadão contemporâneo faz a vida roubando lembranças alheias. Sua autobiografia é peça de ficção; seu cotidiano, um emaranhado de esquetes.
16.8.09
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Verbal não verbal. Verbal não, verbal. Verbal, não-verbal. Linguagens. Contradições. Relações. O texto ilustra a imagem. A imagem ilustra o texto. Dentro e fora. Interna e externamente. Questões espaciais. Revista: capa e conteúdo. Capa conteúdo. Capa é conteúdo? Numa capa a relação entre o verbal e o não-verbal é maior do que dentro dela, uma vez que o destaque maior é dado para o não-verbal. Ao contrário do conteúdo interno da publicação, o texto serve mais para ilustrar a ilustre imagem do que a imagem para ilustrar o ilustre texto. Há capas sem textos? Há capas sem imagens?
15.8.09
Porque hoje é sábado
O relógio
Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos
Cada minuto de vida
Nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser
Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer.
(Cassiano Ricardo)
Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos
Cada minuto de vida
Nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser
Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer.
(Cassiano Ricardo)
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
O conteúdo contido contudo une linguagens verbal e não-verbal e estabelece assim o destaque de assuntos possivelmente de maior interesse do leitor em cada publicação. Ao contrário de uma página de jornal, a capa serve apenas para que se tenha uma idéia (vaga) a respeito do encontrado no interior da revista.
14.8.09
De hoje, a um amigo
Deixa de ser pessimista.
Quando eu estava na faculdade e me deparava com discursos assim, sempre respondia:
- Não sei o que vai ser amanhã, se vai ser papel ou internet, capitalismo ou anarquismo, dinheiro ou cartão. O que importa é que eu quero estar no meio, causando sempre.
Enfim, pena que metade dessa minha visão otimista acabou atropelada pelos fatos.
Quando eu estava na faculdade e me deparava com discursos assim, sempre respondia:
- Não sei o que vai ser amanhã, se vai ser papel ou internet, capitalismo ou anarquismo, dinheiro ou cartão. O que importa é que eu quero estar no meio, causando sempre.
Enfim, pena que metade dessa minha visão otimista acabou atropelada pelos fatos.
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Elemento superior – o título da revista. Aspira expira ascensão. Invade o topo da capa, das páginas. Propriedades lhe são atribuídas, como título de carimbo – elemento último a ser colocado na capa, tendo assim o grande destaque –, título harmônico – de perfil mais equilibrado não compete por espaço com os outros elementos – ou título plano de fundo – é de personalidade ansiosa. Por querer ser sempre um dos primeiros elementos a serem inseridos na capa, os outros elementos passam por cima dele e ele acaba se confundindo com o plano de fundo.
O conteúdo descontido descontente contém tudo?
O conteúdo descontido descontente contém tudo?
13.8.09
Instante da estante
RICIERI, Aguinaldo Prandini. Buraco analista. São José dos Campos: Prandiano, 1995.
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Ora são revistas que trazem em suas capas Manchetes: Manchas da vida. Anseio das matérias, que querem ser notadas, principais, que fazem de tudo para roubar a atenção, passam por cima de qualquer coisa para serem notadas, inclusive por cima do plano de fundo. Ora são revistas que também utilizam tiras e boxes, atores coadjuvantes, que quando aparecem são colocados no canto das páginas, alguns com pequenas imagens, outros apenas com textos, para indicar outras matérias diferentes da principal. Ou então, são revistas Sem Manchetes na capa que é preenchida pela linguagem não-verbal. Há uma figura central, o título da revista, e talvez uma tira com informações técnicas. Excluem-se neste padrão manchetes e textos que resumem várias matérias. Padrão incomum, mais utilizado em revistas especializadas. Contudo existem revistas de capa com vários destaques, onde aparecem indicativos não só da matéria principal, protagonista das angústias jornalísticas, outros pontos da publicação são encaixados sem estarem num espaço “fechado”.
Red flower from my dream
A flor do meu sonho
Tinha pétalas vermelhas que escorriam feito sangue pelo riacho.
A brisa leve batendo em cada olhar, meu e teu
Reverberava emoções compradas num camelô.
- Um sorriso apenas, meu bem! - era tudo o que eu te pedia
Mas tu, incansavelmente fria
Davas-me as costas.
A flor do meu sonho
Ofertada garbosamente como um fraque suíço
Tinha pétalas vermelhas de um amor tão lindo
Que se desfazia, virava éter no ar,
Inebriava o ambiente.
Por que recusaste os meus batimentos cardíacos
Se estavas pronta para morrer de amor e ódio?
Por que jogaste fora a flor que te ofertei
Se bem sabias que peixes não devoram pétalas rejeitadas?
A flor do meu sonho
Tinha pétalas vermelhas que escorriam feito sangue pelo riacho.
E agora, meu Deus, me irrita
Esse tempo que quer chover mas não tem coragem!
Tinha pétalas vermelhas que escorriam feito sangue pelo riacho.
A brisa leve batendo em cada olhar, meu e teu
Reverberava emoções compradas num camelô.
- Um sorriso apenas, meu bem! - era tudo o que eu te pedia
Mas tu, incansavelmente fria
Davas-me as costas.
A flor do meu sonho
Ofertada garbosamente como um fraque suíço
Tinha pétalas vermelhas de um amor tão lindo
Que se desfazia, virava éter no ar,
Inebriava o ambiente.
Por que recusaste os meus batimentos cardíacos
Se estavas pronta para morrer de amor e ódio?
Por que jogaste fora a flor que te ofertei
Se bem sabias que peixes não devoram pétalas rejeitadas?
A flor do meu sonho
Tinha pétalas vermelhas que escorriam feito sangue pelo riacho.
E agora, meu Deus, me irrita
Esse tempo que quer chover mas não tem coragem!
12.8.09
2. Jornalismo e Diagramação - A revista atual. Forma, conteúdo e linguagem
Revistas estas que manipulam o leitor a absorver seus respectivos conteúdos. Concorrem. Recorrem. Recorrem a manchetes, a imagens, a tiras e boxes, a destaques. Todas querem se destacar. Diferenciando-se pela quantidade, pelo destaque que atribuem a notícias, a reportagens, a ré-portagens.
11.8.09
CATORZE DE JULHO
Pê. A língua do.
Queijo. O pão de.
Ré. A marcha.
Sangue. O puro.
Tamanduá. O abraço de.
Urucum. A semente de.
Viagem. A última.
Wagen. Volks.
Xuxa. Xou da.
Queijo. O pão de.
Ré. A marcha.
Sangue. O puro.
Tamanduá. O abraço de.
Urucum. A semente de.
Viagem. A última.
Wagen. Volks.
Xuxa. Xou da.
TREZE DE JULHO
Livros. Tropeçavas nos astros desastrada.
Morena de Angola. Será que ela mexe o chocalho.
Nuvem de Lágrimas. Dizendo para mim que você foi embora.
Oceano.
Morena de Angola. Será que ela mexe o chocalho.
Nuvem de Lágrimas. Dizendo para mim que você foi embora.
Oceano.
DOZE DE JULHO
Groselha. Alguém já viu um pé de?
Hum. É assim que se escreve em folhas de cheque?
Ivo. Viu a uva da vovó, sorriu; agora vai embora?
Jotalhão. Nunca entendi como é que elefantes verdes ajudam a verder extrato de tomate, né?
Keynes. Quê?
Hum. É assim que se escreve em folhas de cheque?
Ivo. Viu a uva da vovó, sorriu; agora vai embora?
Jotalhão. Nunca entendi como é que elefantes verdes ajudam a verder extrato de tomate, né?
Keynes. Quê?
DEZ DE JULHO
Feito alvissareiro, trago algumas boas notícias. O problema é que, estrambótico inveterado, jamais sei por qual delas começar.
Decido pela primeira, respeitando a ordem alfabética:
Ábaco. Voltaremos a usá-lo a partir de hoje. Dizem que, se utilizado frequentemente, potencializa os efeitos da LER.
Banana. Será a base de nossa ração diária.
Cocô. Faremos duas vezes por semana, apenas. É preciso economizar a água da descarga.
Dromedários. Não os aproveitaremos como meio de transporte. Não em São Paulo.
Estados Unidos. Abominaremo-lo.
(Continua amanhã ou depois.)
Decido pela primeira, respeitando a ordem alfabética:
Ábaco. Voltaremos a usá-lo a partir de hoje. Dizem que, se utilizado frequentemente, potencializa os efeitos da LER.
Banana. Será a base de nossa ração diária.
Cocô. Faremos duas vezes por semana, apenas. É preciso economizar a água da descarga.
Dromedários. Não os aproveitaremos como meio de transporte. Não em São Paulo.
Estados Unidos. Abominaremo-lo.
(Continua amanhã ou depois.)
10.8.09
OITO DE JULHO
O silêncio abrupto queimava-lhe as narinas, como se fosse ele próprio a mula-sem-cabeça. Mas não era. Era saci.
9.8.09
8.8.09
Porque hoje é sábado
A exceção e a regra
Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
(Bertold Brecht)
Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
(Bertold Brecht)
7.8.09
Poema da morte eletrônica setentrional
a queda esconde o risco
o risco, os dados
os dados, números
números, fatos.
enquanto isso, sorrateira,
a morte mata.
e eu, absoluto de bosta,
ouso introduzir a eletrônica
ao norte de mim mesmo.
como se a morte coubesse
ao norte
de mim.
como se o tédio fosse prece
ou esporte
assim.
como se forte eu me tornasse
a cada remédio que tomasse.
a queda esconde o risco
o risco, o risco
ri.
o risco, os dados
os dados, números
números, fatos.
enquanto isso, sorrateira,
a morte mata.
e eu, absoluto de bosta,
ouso introduzir a eletrônica
ao norte de mim mesmo.
como se a morte coubesse
ao norte
de mim.
como se o tédio fosse prece
ou esporte
assim.
como se forte eu me tornasse
a cada remédio que tomasse.
a queda esconde o risco
o risco, o risco
ri.
6.8.09
5.8.09
4.8.09
SETE DE JULHO
Era contador porque contava os carros que transitavam pelas ruas. Cada vez mais prata, um ou outro preto, algum branco. Raros vermelhos, quase inexistentes verdes ou azuis. Laranja? Rosa? Tsc tsc tsc...
3.8.09
Para começar a semana
"Não quero escrever livros que já estejam liquidados, acabados; que façam exatamente aquilo que os leitores esperam deles. Qual é o propósito de ler um livro bem comportado, que atende a todas as expectativas?"
Anne Enright (1962- )
18. A volta de Verinha ao varal
Arriscava um acidente, ali, dependurada novamente, a se secar, pois adiantava-se-lhe um aceno, assim, afinco, alimentando-se de tédio, abrupto, do tédio, absurdo, que era estar sozinha sob o sol, quarando, ao léu, ao vento, ao deus-dará, se é que dará, quem sabe, o fato é que Verinha estava esticada, ao céu, ou melhor, sob o céu, tão seu, tão meu, assim tantificado entrementes, amiúde, cerzindo-se, empanando-se, enquanto a água evaporava de si, abracadabrava-se, era o que importava e, óbvio, não havia diálogo porque a solidão é um silêncio absoluto fora de si.
2.8.09
1.8.09
Porque hoje é sábado
Carrego comigo
Carrego comigo
há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho.
Serão duas cartas?
será uma flor?
será um retrato?
um lenço talvez?
Já não me recordo
onde o encontrei.
Se foi um presente
ou se foi furtado.
Se os anjos desceram
trazendo-o nas mãos,
se boiava no rio,
se pairava no ar.
Não ouso entreabri-lo.
Que coisa contém,
ou se algo contém,
nunca saberei.
Como poderia
tentar esse gesto?
O embrulho é tão frio
e também tão quente.
Ele arde nas mãos,
é doce ao meu tato,
Pronto me fascina
e me deixa triste.
Guardar em segredo
em si e consigo,
não querer sabê-lo
ou querer demais.
Guardar um segredo
de seus próprios olhos,
por baixo do sono,
atrás da lembrança.
A boca experiente
saúda os amigos.
Mão aperta mão,
peito se dilata.
Vem do mar o apelo,
vêm das coisas gritos.
O mundo chama!
Carlos! Não respondes?
Quero responder.
A rua infinita
vai além do mar.
Quero caminhar.
Mas o embrulho pesa.
Vem a tentação
de jogá-lo ao fundo
da primeira vala.
Ou talvez queimá-lo:
cinzas se dispersam
e não fica sombra
sequer, nem remorso.
Ai, fardo sutil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?
Por que não dizes
a palavra dura
oculta em teu seio,
carga intolerável?
Seguir-te submisso
por tanto caminho
sem saber de ti
senão que sigo.
Se agora te abrisses
e te revelasses
mesmo em formas de erro,
que alívio seria!
Mas ficas fechado.
Carrego-te à noite
se vou para o baile,
De manhã te levo
Para a escura fábrica
De negro subúrbio.
És, de fato, amigo
Secreto e evidente.
perder-te seria
perder-me a mim próprio.
Sou um homem livre
mas levo uma coisa.
Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.
Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.
Não estou vazio
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.
(Carlos Drummond de Andrade)
Carrego comigo
há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho.
Serão duas cartas?
será uma flor?
será um retrato?
um lenço talvez?
Já não me recordo
onde o encontrei.
Se foi um presente
ou se foi furtado.
Se os anjos desceram
trazendo-o nas mãos,
se boiava no rio,
se pairava no ar.
Não ouso entreabri-lo.
Que coisa contém,
ou se algo contém,
nunca saberei.
Como poderia
tentar esse gesto?
O embrulho é tão frio
e também tão quente.
Ele arde nas mãos,
é doce ao meu tato,
Pronto me fascina
e me deixa triste.
Guardar em segredo
em si e consigo,
não querer sabê-lo
ou querer demais.
Guardar um segredo
de seus próprios olhos,
por baixo do sono,
atrás da lembrança.
A boca experiente
saúda os amigos.
Mão aperta mão,
peito se dilata.
Vem do mar o apelo,
vêm das coisas gritos.
O mundo chama!
Carlos! Não respondes?
Quero responder.
A rua infinita
vai além do mar.
Quero caminhar.
Mas o embrulho pesa.
Vem a tentação
de jogá-lo ao fundo
da primeira vala.
Ou talvez queimá-lo:
cinzas se dispersam
e não fica sombra
sequer, nem remorso.
Ai, fardo sutil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?
Por que não dizes
a palavra dura
oculta em teu seio,
carga intolerável?
Seguir-te submisso
por tanto caminho
sem saber de ti
senão que sigo.
Se agora te abrisses
e te revelasses
mesmo em formas de erro,
que alívio seria!
Mas ficas fechado.
Carrego-te à noite
se vou para o baile,
De manhã te levo
Para a escura fábrica
De negro subúrbio.
És, de fato, amigo
Secreto e evidente.
perder-te seria
perder-me a mim próprio.
Sou um homem livre
mas levo uma coisa.
Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.
Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.
Não estou vazio
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.
(Carlos Drummond de Andrade)
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