- O silêncio não é exclusividade minha.
- Nem minha.
- Tanto que falamos, aliás. E falamos tanto que nos perdemos do próprio eco.
- Eco?
- Por que o diálogo e não o monólogo? Por que o diálogo troglodita? Queria poder ser um ponto de interrogação, desses que se entortam, cabisbaixos, narigudos, indecisos.
- Pois saiba que você é o narigudo em pessoa.
- Mentira!
- Verdade...
- E onde está minha indecisão? Onde está minha cabeça abaixada? Onde estou?
- Inútil tentar convencer os cegos a enxergar.
- Pois é. Dia está triste como um poeta cego.
- Dia está triste como um padre ateu.
(Ainda bem que ele já morreu.)
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