23.8.09

19. O silêncio não é exclusividade minha

- O silêncio não é exclusividade minha.

- Nem minha.

- Tanto que falamos, aliás. E falamos tanto que nos perdemos do próprio eco.

- Eco?

- Por que o diálogo e não o monólogo? Por que o diálogo troglodita? Queria poder ser um ponto de interrogação, desses que se entortam, cabisbaixos, narigudos, indecisos.

- Pois saiba que você é o narigudo em pessoa.

- Mentira!

- Verdade...

- E onde está minha indecisão? Onde está minha cabeça abaixada? Onde estou?

- Inútil tentar convencer os cegos a enxergar.

- Pois é. Dia está triste como um poeta cego.

- Dia está triste como um padre ateu.

(Ainda bem que ele já morreu.)

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