23.4.08

A vela que se apaga

Hoje estou deveras triste
como uma vida inteira,
O que resiste não insiste
- Solilóquios de uma lágrima!

Sem pressa
Pra que as pessoas possam pensar
Na diversidade de ver cidades acesapagadas
Sigo incólume vaga-lume
E o que consigo jamais busquei:
Há uma alma no meio de mim
Que nomeio até perder de vista...
Há uma vela cujo pavio está por um fio;
Há uma vela alumiando para fina lágrima
sorver da cera que escorre, parafina,
E no meio dos olhos há uma menina
Que dança no meu sonhinho esperança:
- Não sabia que as lágrimas de sal eram o mar
E o pavio o fio de verdadeiro navio
Fugindo do que a pá lavra amar!

Portanto, portento portante de um porta-retratos
Amarrando meus tratos e retalhos do que fui:
As memórias são sempre mais bonitas
Do que o que realmente aconteceu
E todo acidente é ácido com a gente
Por causa da visão de mundo, divisão de mundo
E esse gosto de cada gesto
Que incomoda...

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