1.4.08

Sonhos de consumo

Pessoas são coisas infinitas. Alfredo diz para Solange: você é fantástica até quando sonha. Herbert morreu, mas era um homem que se alimentava de verdades. Umas prontas, outras fabricadas. Havia invencionices também, como no dia em que cismou que deus estava debruçado sobre seu trono, sorrindo para as nuvens que faziam chover. E tornou-o verdade. E comeu. Feito algodão-doce. Elena quer viajar de primeira classe para qualquer lugar da Europa. Paula, ter uma vida normal, regrada, com horário para entrar e sair do trabalho. Paulo, o contrário; deseja mesmo se perder do emaranhado da rotina. Giordana um dia vai ter um bordado do Leonilson, aquele artista cearense, sabe? Será um pedacinho de sua vida costurada ali. Laís não sabe, nunca pensou nisso, mas acha que o sonho deve caber no tamanho de um bom passeio. Mariana tem milhões, de bate-pronto: quer tempo, quer conhecer Tóquio, quer uma gravura da Choque Cultural, quer um perfume novo, quer uma pantalona preta, quer muitos etc. Marcelo é que nem a lua, veio da Ásia. Prega o desapego total e seu único sonho zen é que ninguém tenha mais sonhos de consumo.

Eu não tenho, aliás. Porque sou um amontoado de idéias alheias. Como um catálogo de emoções, um álbum de fotografias ou uma estante cheia de livros com anotações pessoais.

Um comentário:

Giovanna Longo disse...

gosto da prosa e da poesia.
bjs