11.1.08

des-sendo

De pronto, quebro a ponte e destruo tudo mais o que traduzia, em trêmulos trâmites, a minha vida de vidro. Começo pelo bilhete em cujo ínterim há a dobra do mundo, passo pela máquina de lavar pensamentos e desconstruo a fábrica pragmática de sentimentos – todos imperceptivelmente repetitivos.
Dois ais, um ui, meio senão e nem meio contudo, meu tudo já não tem mais chão e o recheio absurdo do nada é meu éter e meu gueto. Arrisco assoviar uma melodia mas os pardais que atravancam os postes de minha imaginação não ma permitem: egoístas – ou melhor, corporativistas – não admitem concorrência.
Assuo a narina direita e o que escorre de mim é uma meleca verde infinita. Desespero-me porque não pára, não pára, não pára e para mim aquilo ainda terminará extinguindo-me.
De vidro, a minha vida em trâmites trêmulos se traduz em mais tudo o que destruo: a ponte quebrada de pronto.

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