- Cocoricó - resmungou, entre tantos.
- Cacarejo eu - respondeu, só.
E a verdade que não foi dita é que a partir deste instante, Suzana, a louca, passou a escrever sonhos e retirar o sentido dos tons de cinza nuvem para jogá-los longe junto do sol ocre e solitário a rir das gentes.
- Devia parar de tostar nossas peles, pelamordedeus, devia parar. Ainda iremos acabar todinhos à passarinho.
Então voava.
*****
Sempre amargo o pressentimento de abrirei a janela e verei uma anta correndo para o mato ou um macaco suspirando pelos cantos de todos os galhos. Até ontem, desilusão por jamais me deparar com tais fragmentos oníricos. Sai sangue.
*****
Não passava uma madrugada inteira sem trepar, ainda que fosse só uma fodinha rápida. Não agüentava, jamais agüentaria suportar aquele tesão que brotava em seu corpo de dezenove anos. Ora, se Elenice aceitara o fardo de ser sua mulé, agora que não rogasse arrego. E nada de dores de cabeça ou flechadas no coração. Nada. Não engolia, isso, jamais.
Era, sim, cabra macho sim sinhô. Forte e rijo, abusava. Mesmo que Elenice resistisse, vez sim vez não, no começo. Ah, quando o troço embalava era gostoso de dar dó.
E ela gemia de quatro em seu quarto, a três quadras ou pouco mais da igreja matriz, quando os sinos repicavam duas horas da matina.
*****
Tantos sonhos a atrapalhar o sono, pirações sem nexo, que às nove e trinta e dois ela começava a pesadelar:
- Me dá uma sacola?
- Sacola?
- É. Pra guardar mais um sonho, que as minhas acabaram.
*****
- Como você vai dormir?
- Com meias brancas.
E só.
Um comentário:
realmente... quando acabam as cervejas... as coisas ficam meio chatas...
Abs,
falou
Dennis
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