9.4.10

23. Das cores

Azul tentou passar adiante, viu branco, insistiu, viu preto, atravessou, viu verde, viu vermelho, viu vinho, virou ave, ceuzou.

Amarelo tentou dormir, foi branqueando, branqueando, branqueando, até que sumiu no meio do sofá bege.

Laranja amanheceu radiante, depois palideceu. Inventou brilho que nem sol, cegou olhos alheios, depois roseou, roseou, até roxear no horizonte. Enegreceu.

Verde igual à natureza. Pra ver. De novo. Verde.

Roxo está de luto porque morreu a esposa, ficaram os filhos, as tralhas, o resto da mortalha escura que nem o luto, do tamanho dos sonhos que agora se chamam pesadelos e são em preto-e-branco.

O burro fugiu.

Flicts teimou tanto até que existiu.

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