Escorre pelas mãos tudo aquilo que não escorrega das mãos:
arranhões
amanhãs
erros
berros
textos ateus à-toa, à-toa.
O que sobra, soçobra, é um pedaço amassado de mim:
ferido
arisco
monobloco
troglodita
restos degringolados de uma rima.
As invenções, se boas, são por acaso.
4.2.10
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Um comentário:
Quem foi, perguntou o Celo
Que me desobedeceu?
Quem foi que entrou no meu reino
E em meu ouro remexeu?
Quem foi que pulou meu muro
E minhas rosas colheu?
Quem foi, perguntou o Celo
E a flauta falou: Fui eu.
Mas quem foi, disse a Flauta
Que no meu quarto surgiu?
Quem foi que me deu um beijo
E em minha cama dormiu?
Quem foi que me fez perdida
E me desiludiu?
Quem foi, perguntou a Flauta
E o velho Celo sorriu.
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