CARPINEJAR, Fabrício. Www . twitter . com/ carpinejar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.
31.12.09
VINTE E SETE DE DEZEMBRO
Com um alfinete de cabeça amarela furo a lua como se ela fosse uma bexiga imensa. Faz barulho.
30.12.09
VINTE E DOIS DE DEZEMBRO
Era uma vez um ditongo crescente. Cresceu tanto, cresceu tanto, cresceu tanto que acabou lua cheia.
VINTE DE DEZEMBRO
Enredo para um final feliz, receita:
- Dois personagens, principalmente enamorados;
- Um pano de fundo bonito;
- Uma trama que garanta que as vidas dos dois personagens, ainda que traçadas de forma paralela, se cruzem;
- Uma música tão comovente como inesperada;
- Um letreiro vintage: happy end.
- Dois personagens, principalmente enamorados;
- Um pano de fundo bonito;
- Uma trama que garanta que as vidas dos dois personagens, ainda que traçadas de forma paralela, se cruzem;
- Uma música tão comovente como inesperada;
- Um letreiro vintage: happy end.
DEZENOVE DE DEZEMBRO
Na janela, uma esperança solitária. De que tudo -- todos os tudos -- vai acabar bem.
DEZESSETE DE DEZEMBRO
Odeio principalmente mais quando o desapego se apaga em mim. O resto são cicatrizes incuráveis no couro cabeludo.
DEZ DE DEZEMBRO
Com o fim de 2009, encerrarei este projeto inútil, natimorto. Eis minha primeira resolução de ano-novo.
NOVE DE DEZEMBRO
Um sufoco.
O trânsito de São Paulo.
Amostras grátis de ingratidão e insônia.
Outro sufoco.
Um buraco na rua.
Rua principal.
Amostras grátis e risonhas de ignorância.
Modus operandi rapidamente alterado.
Plano B.
C.
D.
E depois?
O trânsito de São Paulo.
Amostras grátis de ingratidão e insônia.
Outro sufoco.
Um buraco na rua.
Rua principal.
Amostras grátis e risonhas de ignorância.
Modus operandi rapidamente alterado.
Plano B.
C.
D.
E depois?
OITO DE DEZEMBRO
Há tempos o mundo não me dá mais mostras de que alguns valores -- entre eles, a amizade -- valem a pena. Por sorte, não tenho mais acreditado no mundo, mesmo.
29.12.09
SEIS DE DEZEMBRO
A estrada pode ser tudo -- longa, esburacada, íngreme, nervosa, tristonha... --, menos monótona
CINCO DE DEZEMBRO
De todos os poderes atribuídos à natureza, sem dúvida o mais correto é a sua estranha capacidade de revigorar o ser humano, fazê-lo ser humano outra vez.
QUATRO DE DEZEMBRO
Cada vez menos acredito na escrita como catarse. Cada vez mais deposito nela uma incredulidade mórbida.
TRÊS DE DEZEMBRO
O medo. A expectativa. A dureza. A insatisfação. O remédio. A crueldade. O último gole, residual, de esperança.
"Como se fosse um espelho em frente ao outro"
Cara, estou muito irritado com as coisas.
Hoje em dia você pode deixar tudo emendado, saca? Tipo atualizar seu blog e ele automaticamente alimentar seu twitter, que pode automaticamente alimentar seu facebook, que pode sei lá o quê. Não dá, cara, fica insano. A ponto de eu entrar no flickr de um amigo, clicar na foto para vê-la ampliada e perceber que a mesma não está hospedada no flickr, mas sim no twitpic, que é aquele treco de fotos do twitter. Ou seja: a foto também apareceu no twitter dele (e eu não vi). E dá para fazer o caminho inverso também. Quando eu atualizo meu blog, aparece no twitter. Quando eu atualizo o twitter, aparece no blog. É um ciclo infinito, como se fosse um espelho em frente ao outro. Não dá para conviver com isso, não dá.
Acho que vou mudar de planeta.
Hoje em dia você pode deixar tudo emendado, saca? Tipo atualizar seu blog e ele automaticamente alimentar seu twitter, que pode automaticamente alimentar seu facebook, que pode sei lá o quê. Não dá, cara, fica insano. A ponto de eu entrar no flickr de um amigo, clicar na foto para vê-la ampliada e perceber que a mesma não está hospedada no flickr, mas sim no twitpic, que é aquele treco de fotos do twitter. Ou seja: a foto também apareceu no twitter dele (e eu não vi). E dá para fazer o caminho inverso também. Quando eu atualizo meu blog, aparece no twitter. Quando eu atualizo o twitter, aparece no blog. É um ciclo infinito, como se fosse um espelho em frente ao outro. Não dá para conviver com isso, não dá.
Acho que vou mudar de planeta.
DOIS DE DEZEMBRO
Como se eu fosse um alfabeto decrescente, venho por meio deste excluir os números bestas de minha existência.
TRINTA DE NOVEMBRO
Por dentro, o organismo finge que não existe mais. Só pedras, tampouco lapidadas.
A essência é uma ilusão.
Como se eu estivesse em um filme. Com péssimo roteiro, parcos diálogos, nenhuma direção. Apenas a vontade, pouco à vontade.
Onde é o botão que desliga?
A essência é uma ilusão.
Como se eu estivesse em um filme. Com péssimo roteiro, parcos diálogos, nenhuma direção. Apenas a vontade, pouco à vontade.
Onde é o botão que desliga?
VINTE E SEIS DE NOVEMBRO
Tudo o que mais quero é uma vida mansa. Porque todo o resto só me cansa. E, no fim da história, o mundo inteiro dança.
VINTE E QUATRO DE NOVEMBRO
Quem acredita em desafios não deve aborrecer muito os conselhos. Da carta ao violão, arrisca o verso, mesmeja o sussuro, se engana o tropeço. Toda as desilusões já foram pagas.
VINTE E UM DE NOVEMBRO
Quero uma flor que me fale.
Ao coração.
Existem mãos que não se tocam, beijos que não se dão, conceitos que se subtraem?
Quero uma dor que me fale.
E seja bruta.
E seja sincera.
Ao coração.
Existem mãos que não se tocam, beijos que não se dão, conceitos que se subtraem?
Quero uma dor que me fale.
E seja bruta.
E seja sincera.
28.12.09
DEZENOVE DE NOVEMBRO
Vontade absurda de ser poeta -- ou, pelo menos, recuperar o aprendiz que já fui um dia.
DEZOITO DE NOVEMBRO
O rádio cansa. O jornal entendia. A TV emburrece. O livro enjoa. O cinema não funciona mais.
DEZESSETE DE NOVEMBRO
É dos amigos. Os verdadeiros.
Sem me importar com o resto.
Porque o resto é nada.
Sem me importar com o resto.
Porque o resto é nada.
DEZESSEIS DE NOVEMBRO
Qual o preço de uma saudade?
Qual o peso de um retorno?
Qual a tensão de outra partida?
Qual a chance de ser definitivo?
Qual o peso de um retorno?
Qual a tensão de outra partida?
Qual a chance de ser definitivo?
TREZE DE NOVEMBRO
A literatura é um exercício do "somos-em-potencial", não do "somos-em-essência". Senão vira diário. Ou, pior: senão vira jornalismo.
ONZE DE NOVEMBRO
Difícil conseguir pensar em ideias novas quando ainda se é atormentado -- assombrado -- pelas velhas.
27.12.09
NOVE DE NOVEMBRO
O calendário vai chegando ao fim e o corpo denuncia o fato. Inadiváel, como todos os anos. Frangalhos, dor, sensação incrível de que não fui metade do que tencionava.
OITO DE NOVEMBRO
Gosto de tuas palavras principalmente quando elas se me vêm nuas. E inteiras, perfeitas, quase colecionáveis.
Gosto de tuas palavras quando elas são verdade mas se parecem com mentira.
Gosto de tuas palavras quando elas são verdade mas se parecem com mentira.
SETE DE NOVEMBRO
Louco é o que se nega. Louco é o que escapa. Incrivelmente louco o que se desastra.
CINCO DE NOVEMBRO
A felicidade é essa coisa estranha de se acumular momentos bons. Nem sempre dá certo, evidentemente.
26.12.09
Porque hoje é sábado
A fruta aberta
Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.
Agora sei as coisa como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.
Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.
Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.
(Thiago de Mello)
Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.
Agora sei as coisa como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.
Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.
Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.
(Thiago de Mello)
25.12.09
24.12.09
23.12.09
22.12.09
21.12.09
O fato das fotos: novo blog
Eu ia inaugurar só no ano que vem. Mas não resisti e já coloquei no ar, ainda em versão experimental e, portanto, passível de ajustes -- que virão. Criei um novo blog. A princípio, este Cronopolitano segue normalmente. A ideia do Imagens é, como o próprio nome diz, ser um depósito de fotografias que venho tirando por aí. Apareçam.
Para começar a semana
20.12.09
19.12.09
Porque hoje é sábado
Vozes
aos gritos
antegozava
(gata) gemia
em jatos
e
aos pulos
jorrava
sussurros
rápidos
(Frederico Barbosa)
aos gritos
antegozava
(gata) gemia
em jatos
e
aos pulos
jorrava
sussurros
rápidos
(Frederico Barbosa)
18.12.09
17.12.09
16.12.09
15.12.09
14.12.09
13.12.09
12.12.09
Porque hoje é sábado
Jeans
A carne forçada
sob a calça jeans
quase explode
querendo sair.
O tecido vibra
fibra a fibra
trêmula grade
implodido jardim.
Enquanto a carne
flora pura
implora em si.
(Frederico Barbosa)
A carne forçada
sob a calça jeans
quase explode
querendo sair.
O tecido vibra
fibra a fibra
trêmula grade
implodido jardim.
Enquanto a carne
flora pura
implora em si.
(Frederico Barbosa)
11.12.09
Não há
- Cifras nem cifrões;
- Manhãs nem amanhãs;
- Pedras nem perdas;
- Sonos nem sonhos;
- Ser tão nem sertões.
Seção da sessão
Trailer do filme Carro de Paulista -- baseado na peça homônima do amigo Mario Viana --, que a TV Cultura exibe dia 19 próximo.
10.12.09
Instante da estante
VERAS, Everaldo Moreira. O menino dos óculos de aro de metal. São Paulo: Brasiliense, 1981.
9.12.09
8.12.09
7.12.09
Para começar a semana
“A literatura é muito maior que o artista. Você vai ser sempre um ponto mínimo dentro dela e se conformar com isso.”
Antonio Carlos Viana (1946- )
6.12.09
5.12.09
4.12.09
3.12.09
2.12.09
VINTE E SEIS DE OUTUBRO
- Você ainda gosta de letrinhas?
- Só no macarrão. E você?
- Também prefiro as de comer.
- Só no macarrão. E você?
- Também prefiro as de comer.
1.12.09
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