Aos amigos Edu e Pricila.
Vem, vamos ver o pé de jabuticaba
disse ela, por quem a vida não acaba.
Se não tem flores, tudo bem,
sempre podemos colecionar pontos pretos
bolinhas comestíveis
que estouram feito sonhos no céu
da boca.
Vem, vamos ver o pé de jabuticaba
é um verso pronto, tão do tamanho do Brasil,
não este do verde-amarelo usurpado
mas aquele do verde-amarelo que era tão
natureza.
Enquanto houver amor, tudo bem,
vamos ler livros que ninguém
mais tem
fazer livros para que alguém
também
se encante.
Vem, vamos ver o pé de jabuticaba
mexer a terra
cuidar da horta, da casa, da farra.
Sem essa de hora morta,
de ano passado eu morri,
de esse ano não morro.
Sem essa de desistir:
Vem, vamos ver o pé de jabuticaba
Vem, cada sonho que estoura
é um verso que não se acaba
Vem, que cada lágrima salmoura
vale um livro na estante da sala.
Vem, vamos ver o pé de jabuticaba,
escalá-lo, não para vencê-lo
porque estamos fartos de guerra;
escalá-lo para ensimesmá-lo-nos
numa amálgama
pan-poética natural.
Já.
Vem, vamos ver o pé de jabuticaba.
Já.