30.12.08

1. Teorias de Base - Eixo da Comunicação

Comunica: comum, única? Com+um = eu+um?, como coisa única? Unifica? Ou amplia, transcende, multiplica opiniões, repertórios, vivências, o que vivencio, o que vivencias?

Fuja dos modelos comunicacionais simplistas de teorias ultra-passadas, pra lá de passadas, e, em passadas largas, atire-se à comunicação que dinamiza, que propicia troca de papéis entre eu e você, ora eu sou “eu”, ora você sou “eu”, processo sexual assexuado, dois são um, sem deixar de ser si mesmos e sem ser o mesmo um.

Queremos a comunicação des-simplificada, em linguagem verbal oral ou não, em linguagem corporal, linguagem-gen desumanizada porque a comunicação não é privilégio régio humano, linguagem celular, via telefone sem fio pré-pago ou telefone sem fio de latinha de massa de tomate. Queremos a anunciação do enunciado, ser enunciadores e enunciatários.

Enunciador e enunciatário são os sujeitos da enunciação (discurso), cujas marcas encontram-se implícitas no enunciado (texto). O enunciador e o enunciatário, coitadinhos, carregam inquietantes inquietações:

Enunciador: “Quem sou eu para lhe dizer o que quero dizer? Quem é ele para que eu lhe diga o que vou lhe dizer?”

Enunciatário: “Quem é ele para me dizer isso? Quem sou eu para que ele me diga isso?”

PAUSA: Essa estória me lembrou Zeca Baleiro: “... eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer...” Uma homenagenzinha ao Zeca. Grande Zeca.

Aplicando o eixo comunicacional ao nosso produto-amostra à mostra InVerso, temos que a revista produzida – InVerso – é um aglomerado de enunciados produzidos pelos enunciadores. No caso do produto-amostra, os enunciadores são os jornali(ri)stas Thaís, Vanessa e Edison, que se idealizam num enunciador único. Na revista em si, porém, os enunciadores serão todos os repórteres, jornalistas, fotógrafos, editores, diagramadores que participarem da construção do produto.

O enunciador tem a palavra, pá que lavra a lavoura do poder. Ele representa um deus criador que molda, com o barro comunicacional, os personagens do enunciado. É o enunciador que delega voz a múltiplos narradores, em primeira ou terceira pessoa, de acordo com o efeito que se pretende conseguir. São os efeitos pretendidos também – e o enunciatário visado – que determinam qual plano de expressão é mais adequado para que o enunciado atue sobre o enunciatário.

O discurso em primeira pessoa (enunciativo) aproxima os sujeitos da enunciação – principalmente se feito no tempo presente: a combinação eu-aqui-agora, ou mesmo eu-lá-então, confere subjetividade e realidade ao enunciado.

Já o discurso em terceira pessoa, também chamado enuncivo – o mais empregado jornalisticamente (o que não é pouco nessa época de desemprego e recessão) – cria um efeito de maior objetividade e distanciamento – o narrador fala sobre um ele qualquer, um acontecimento qualquer.

Os enunciados de InVerso apresentam ambos os discursos, levando em conta, levando em costas, o público que se deseja atingir e o efeito que se pretende obter.

No produto à mostra, nosso enunciatário implícito é o senhor Adenil Alfeu Domingues e Segundes (APLAUSOS). Mas o público-alvo, público-negro, são jovens e adultos, ou adultos jovens (entre 18 e 35 anos) não importa de que classe social, desde que com um bom nível de escolaridade.


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