8.10.21

Jabuticabas

Aos amigos Edu e Pricila.

Vem, vamos ver o pé de jabuticaba

disse ela, por quem a vida não acaba. 


Se não tem flores, tudo bem, 

sempre podemos colecionar pontos pretos

bolinhas comestíveis 

que estouram feito sonhos no céu

da boca.


Vem, vamos ver o pé de jabuticaba

é um verso pronto, tão do tamanho do Brasil, 

não este do verde-amarelo usurpado

mas aquele do verde-amarelo que era tão

natureza. 


Enquanto houver amor, tudo bem,

vamos ler livros que ninguém 

mais tem

fazer livros para que alguém

também

se encante.


Vem, vamos ver o pé de jabuticaba

mexer a terra

cuidar da horta, da casa, da farra.

Sem essa de hora morta,

de ano passado eu morri,

de esse ano não morro.


Sem essa de desistir:

Vem, vamos ver o pé de jabuticaba

Vem, cada sonho que estoura

é um verso que não se acaba

Vem, que cada lágrima salmoura

vale um livro na estante da sala.


Vem, vamos ver o pé de jabuticaba,

escalá-lo, não para vencê-lo

porque estamos fartos de guerra;

escalá-lo para ensimesmá-lo-nos

numa amálgama 

pan-poética natural.


Já. 


Vem, vamos ver o pé de jabuticaba.


Já.