14.2.07

Reportando o dia do poema

era dia de semana e às 6h45 da manhã o poema despertou
tomou um gole de café amargo afoito e foi tomar o ônibus quase atrasado
depois tomaria naquele lugar ouvindo o chefe bravo tomando coca diet

no meio do ônibus as pessoas se chafurdavam umas nas outras
o poema sentiu-se meio perdido no meio do ônibus mas achou bom
e era legal ser um estranho no meio apenas para sentir as mãos e pernas perdidas

no ponto o poema desceu e viu que já estava no ponto para mais um dia
o sol ensandecido parecia que tinha levado três pontos na testa
e cansado iluminava todos os pontos de ônibus, outros pontos, e points do hemisfério

o poema olhou para a hora e viu que ainda não era hora de entrar
tinha quinze minutos para fazer hora e como a hora passa devagar quando se espera
decidiu acender um cigarro para acompanhá-lo nos tique-taques da hora

na espera desesperada o poema encontrou o amor e foram fazer amor
porque o amor inespera e chega nos momentos mais tediamente amáveis
e o poema amou o amor perdendo todos os sentidos como quem ama de verdade

já eram mais de duas da tarde quando o poema despediu-se do amor
e a despedida ficou com um gosto de quero mais despida e o amor piscou
quando o poema voltou a si, voltou à vida, voltou ao trabalho, foi despedido.

4 comentários:

Anônimo disse...

Edison! Desculpa não ter respondido suas mensagens antes, estava esperando voltar para São Paulo (estou no interior)! Pois é cara, tive uma crise de cálculo renal bem no dia da minha formartura! É mole? Passei o dia no hospital mas depois a noite deu pra curtir o baile!
Mas agora to bem! Valeu! Viu... quando eu voltar pra São Paulo vamos ver de se trombar por ae!
O desenho foi a Nátali da nossa sala que fez, ela fez caricatura de todos!
Abraços!

Anônimo disse...

A arte imita a vida... o poema fluia bem até chegar na parte do amor. Confundiu tudo... quando o amor apareceu, o poema ficou perdido. Pobre coitado, foi condenado.
Quanto a máxima "o amor inespera e chega nos momentos mais tediamente amáveis"! Bravo, bravíssimo...

Beijo!

Anônimo disse...

hunf! (comentário sem conteudo mas com uma finalidade específica)

Anônimo disse...

Olá Edison, quanto tempo...
Passei por aqui e parei neste texto. Vertiginoso e delicioso. Me lembrou Raduan Nassar, em "Um copo de cólera". Beijos, querido, espero que esteja bem. Venha visitar a terrinha quando puder. Parabéns pelo seu trabalho.